Áreas de Intervenção e Avaliação
Perturbações do comportamento alimentar
As doenças do comportamento alimentar – entre as quais se incluem a Anorexia e Bulimia Nervosa e a Perturbação de Ingestão Alimentar Compulsiva – surgem frequentemente na adolescência e envolvem situações psíquicas complexas que condicionam malnutrição, com consequentes alterações orgânicas, psicológicas e sociais.
A Anorexia e Bulimia Nervosa caracterizam-se por alterações da conduta alimentar que englobam graus variáveis de distorções da autoimagem, medo patológico de engordar com motivação mórbida para a magreza e alterações do apetite e do seu controlo, com ou sem atitudes compensatórias. A prevalência relativamente baixa destas doenças contrasta com a gravidade que frequentemente adquirem, apresentando elevadas taxas de mortalidade, morbilidade física e psicossocial.
A Perturbação de Ingestão Alimentar Compulsiva consiste em episódios de voracidade alimentar, com ingestão compulsiva de alimentos, associada a um intenso mal-estar. Não ocorrem manobras compensatórias, levando a excesso de peso, obesidade ou síndroma metabólica.
Sendo resultado da combinação de múltiplos fatores – genéticos, neuroquímicos, psicoambientais e socioculturais – exigem uma abordagem terapêutica integrativa em equipa multidisciplinar. O tratamento reveste-se de marcada especificidade, sendo muitas vezes complexo e moroso.
Tendo em conta que existe uma relação direta entre a psicopatologia e alterações somáticas (a nível metabólico, cardíaco, ósseo, renal, hormonal), a avaliação médica inicial deverá ser global compreendendo exame do estado mental, despiste de comorbilidades psiquiátricas e avaliação do estado físico – e a partir da qual se estabelece um plano terapêutico que envolve:
– Consultas de pedopsiquiatria/psiquiatria: onde é monitorizada a evolução, realizada intervenção familiar e quando indicado, iniciada terapêutica farmacológica;
– Consultas de psicologia: onde é trabalhada a relação com o corpo, comida e com os outros;
– Consultas de nutrição: onde é estabelecido um plano dietético e um objetivo ponderal.
O diagnóstico precoce e instituição atempada do respetivo tratamento influenciam positivamente o prognóstico de evolução da doença.